A acalmia que sucede à tempestade, deixa no ar um sentimento de leveza. Ao mesmo tempo, andamos como que em bolas de algodão, com medo que ao virar do segundo, um trovão nos faça voltar ao pesadelo da noite anterior. Tentamos cimentar a sensação de que tudo está bem, de que vai ficar bem. Só que agora os olhos são outros, o coração é ao mesmo tempo mais suave, mas mais capaz de acolher os golpes, e sabe que como a tempestade passou, também a calma passará. E a chuva está já ali ao virar da esquina.
A vida feita de amigos ajuda a suportar as quedas e os desgostos. Amigos, daqueles que se escolhem, e daqueles que sem se escolherem, superaram as obrigações do sangue, e são amigos de verdade. Um jantar bem regado, com mil copos em cima da mesa e conversas de perder o fio à meada. Com risos se aprende aquilo que na escola não ensinam. E é fresco o sentimento que fica, de algo novo, aprendido com a gente da velha guarda. A noite vai longa, mas o sono ficou à porta. E o dia seguinte arrasta-se cansado e em paz.
